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Meios 27 janeiro 2021

Aposta de sucesso na descentralização de Portugal

Com Centros de Inovação de Tomar, Viseu, Fundão e Portalegre, a Softinsa, uma subsidiária da IBM cujas origens em Portugal remontam a 1994, tem reforçado o seu investimento no nosso país, numa política de nearshore, contando atualmente com mais de mil colaboradores. Numa clara aposta de sucesso na descentralização de Portugal. Além do mercado nacional, a tecnológica presta e exporta serviços na área das TI para empresas internacionais dos cinco continentes. Qualidade e inovação são fatores-chave de sucesso da empresa que encara a satisfação dos seus clientes como uma prioridade. Sérgio Pereira, diretor-geral da Softinsa, fala-nos do percurso da empresa e dos seus projetos em Portugal.

Presente em Portugal há 20 anos, o que levou à criação da Softinsa e quais as principais áreas onde opera?

A Softinsa – Engenharia de Software Avançado Lda., detida pela Companhia IBM Portuguesa e pela Viewnext, nasceu em 2007, mas a sua origem remonta a 1994, ano da criação da CGI Portugal – Compagnie Generale D’Informatique Portugal, empresa dedicada exclusivamente à comercialização, implementação, desenvolvimento e manutenção de uma Plataforma para Gestão de Recursos Humanos e Imobilizado. Em 1998 a empresa passou a oferecer serviços na área das Tecnologias de Informação (da área de sistemas ao desenvolvimento aplicacional e à implementação SAP), atividade que tem sido continuada e desenvolvida através do reforço das sinergias locais com a IBM Portugal.

A Softinsa está sediada em Lisboa, junto da IBM Portugal, e estamos presentes em Tomar, Viseu e Fundão através dos nossos Centros de Inovação. Em 2019 ultrapassamos os 1.000 colaboradores com a seguinte distribuição: Lisboa 386, Tomar 400, Viseu 237 e Fundão 26.

Em três palavras como definiriam a missão e a operação da Softinsa?

Os nossos valores “Clientes, Qualidade e Inovação” são a base da cultura organizacional da Softinsa. No que respeita aos clientes, assumimos o compromisso para dar resposta e valor às suas necessidades reais e proporcionar a melhor experiência com o nosso serviço. É também nossa ambição melhorar a qualidade do nosso trabalho e estabelecer novos standards no mercado. A qualidade é o resultado do espírito de equipa e do desempenho individual. Assumimos ainda a capacidade para antecipar as necessidades dos clientes e oferecer propostas de inovação, gerindo qualquer serviço ou iniciativa com agilidade e perseverança.

Muita coisa mudou desde que a empresa nasceu, quais são hoje as principais áreas a que se dedicam no mercado nacional e em termos globais?

A nossa oferta tem vindo a seguir as tendências do mercado e também está de acordo com os principais requisitos de negócio dos nossos clientes. Atualmente dividimos os nossos serviços e soluções em duas grandes áreas: GBS – Global Business Services, que inclui serviços de Consultoria e Gestão Aplicacional, como AMS, SAP, Cognitive, Human Capital Solutions, Asset Management, Analytics, Mobile e Low Code Development; e GTS – Global Technology Services, que contempla serviços de Smarter Cities & IoT, Cloud & Managed Services, Data Center Facilities e Mobility & Digital Workplace Services.

A partir dos nossos Centros de Inovação de Tomar, Viseu e Fundão prestamos e exportamos alguns destes serviços, sendo que atualmente 25 por cento dos nossos clientes são empresas internacionais dos cinco continentes. No mercado nacional de Tecnologias de Informação e Comunicação, a Softinsa é sobretudo conhecida como o líder de mercado nas áreas de AMS (Gestão dos ecossistemas aplicacionais) e de Digital Workplace Services (Gestão e suporte aos utilizadores) das maiores empresas nacionais (Top100).

O que levou a Softinsa a investir no nosso país, quais os fatores que consideram ser mais atrativos e que mais pesaram nessa decisão?

Um dos principais motivos que nos levou a investir nos centros nearshore foi contornar a escassez de recursos na área das tecnologias da informação e a dificuldade de encontrar talentos com as qualificações e as skills necessárias para dar uma resposta célere às especificidades e aos exigentes prazos dos projetos dos nossos clientes. Se, por um lado, os nossos centros de nearshore permitem acolher o crescente número de colaboradores, por outro, promovem uma relação de proximidade com as Instituições de Ensino Politécnico com as quais temos uma excelente relação de colaboração.

O nosso propósito tem sido capacitar os centros com competências especializadas em áreas de transformação e inovação empresarial, trazendo para Portugal as tecnologias mais avançadas no sentido de promover a modernização do tecido empresarial e visando a prestação e exportação de serviços qualificados.

Foram uma das empresas pioneiras a descentralizar a vossa operação para fora dos dois principais polos tecnológicos do país. Quais os principais desafios, dificuldades e as oportunidades nesta decisão estratégica?

A Softinsa foi pioneira em Portugal no conceito de nearshore, com a abertura em 2013, do Centro de Inovação de Tomar, uma parceria entre a Softinsa, a IBM Portugal, o Instituto Politécnico e a Câmara Municipal de Tomar. Este projeto surgiu quando as várias entidades se uniram para encontrar uma solução que permitisse a criação de emprego e retenção de talento na região, a fixação de habitantes no interior, a atração de novos investimentos económicos, a exportação de serviços e o desenvolvimento de uma nova dinâmica tecnológica e de infraestruturas para a região. O sucesso de Tomar, com a evidência dos benefícios resultantes neste tipo de parceria, uma sinergia entre o poder local, o mundo empresarial e o meio académico, fez com que se abrissem as portas do nosso segundo centro em Viseu, passados três anos, e, em 2019, o Laboratório do Fundão.

No passado mês de novembro assinámos um protocolo para a criação de um novo Laboratório, desta feita na cidade de Portalegre. O modelo nearshore tem-nos  permitido colaborar de forma próxima e mais proativa com as instituições de ensino, possibilitando alavancar uma série de iniciativas académicas e formações qualificadas para captar o interesse dos estudantes para estas áreas das tecnologias e para a contratação dos melhores talentos da região. Esta proximidade com os municípios também potencia a concretização de projetos de relevância para a própria região, como é o caso dos recentes projetos de Smarter Cities desenvolvidos em Tomar e Viseu nas áreas de Eficiência Energética e de Mobilidade Urbana, respetivamente, e que contribuem para uma gestão mais eficiente das cidades e para o aumento da qualidade de vida dos cidadãos.

Como tem corrido a vossa mais recente aposta, o Laboratório do Fundão?

O Laboratório do Fundão completou o seu primeiro aniversário e, apesar do contexto mundial pouco favorável com a situação da pandemia, consideramos o balanço bastante positivo. Contamos neste momento com clientes do setor das energias renováveis e na área de DevOps, o que permitiu o crescimento para cerca de 30 consultores. Além disso, acreditamos que a conjuntura da região é bastante favorável para a expansão da nossa operação, dado que conseguimos captar talento através das instituições de ensino superior, como é o caso da Universidade da Beira Interior (UBI), do Instituto Politécnico de Castelo Branco e do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).

O apoio local na formação e contratação através do IEFP e, no caso, da Câmara Municipal do Fundão, que além do suporte em questões logísticas e de instalação, proporciona um conjunto de incentivos para a fixação de recursos humanos no concelho, como é o caso de bolsas para arrendamento e apoio na integração de quadros vindos de fora da Região.

Que soluções e serviços disponibilizados por estes centros de competências gostaria de destacar?

A Softinsa, recorrendo ao seu amplo portefólio de serviços e soluções em Consultoria, Gestão Aplicacional e Infraestruturas, consegue dar resposta a qualquer necessidade ou requisito em Tecnologias da Informação, não só em áreas específicas, bem como na arquitetura global das soluções. Esta abrangência por si só é um fator diferenciador, na medida em que os clientes encontram num só parceiro tecnológico todas as competências e qualificações necessárias para os acompanharmos na sua jornada de inovação e transformação digital.

Existem áreas core para o nosso negócio como os serviços de AMS (Application Management Services), SAP e Cloud & Managed Services, que são transversais a todas as localizações. Os serviços prestados pelos profissionais dos nossos Centros de Inovação abrangem toda a oferta da Softinsa, no entanto, existem serviços que apenas são prestados a partir destes centros, como é o caso de soluções de Smart Cities para o setor energético, e plataformas low-coded, como Outsystems.

Para que mercados e clientes são hoje prestados os serviços destes centros de inovação tecnológica?

Além do mercado nacional, os Centros de Inovação estão a colaborar nos cinco continentes, em várias línguas e, em alguns serviços, numa base de operação 24×7. Em termos de setores de atividade, contamos com grandes organizações ligadas ao setor da banca e seguros, telecomunicações, energia, indústria, governo e distribuição/retalho que confiam em nós para suportar a tecnologia
nos seus negócios em Portugal e nos países onde estão representados.

Sendo a área tecnológica uma das mais influentes na atividade económica do país, muito se fala da captação e retenção de talento. Como tem sido para vocês o acesso ao talento qualificado nestas áreas mais interiores de Portugal?

A confiança dos nossos clientes e o sucesso dos projetos só é possível se apostarmos em competências-chave e na formação dos nossos profissionais. É com este propósito que temos lançado, em parceria com os politécnicos e universidades, iniciativas como pós-graduações, seminários, hackathons, academias de formação em tecnologias como SAP, DevOps, Outsystems, entre muitas outras, e programas Erasmus, que introduzem e aprofundam o conhecimento dos estudantes em soluções orientadas aos requisitos do mercado e das várias indústrias e lhes abrem as portas a oportunidades muito aliciantes, não só em Portugal como em projetos de clientes além-fronteiras.

Pretendemos continuar a apostar em ações que valorizem a formação e o desenvolvimento profissional dos alunos, de que é exemplo a nossa recente participação no Programa UPskill – Digital Skills & Jobs, uma iniciativa de âmbito nacional destinada ao reforço de competências e ao aumento da oferta de profissionais na área das tecnologias de informação e comunicação, de forma a captar os talentos com as competências necessárias para aportar mais valor aos projetos junto dos nossos clientes. O fator crítico de sucesso para que se enderecem os desafios da nova economia digital colocados às organizações passa indiscutivelmente pela disponibilidade de profissionais de Tecnologias de Informação qualificados, pelo que a colaboração com as Instituições de Ensino Superior é fundamental. Contamos com o apoio das autarquias e das instituições de ensino, para encontrarmos formas de impulsionar ainda mais o crescimento da região, não só através de um maior número de alunos, mas também atraindo profissionais com experiência, promovendo e encontrando incentivos para os fixar.

Qual a dimensão do investimento feito em Portugal, principais resultados e quais objetivos estratégicos da Softinsa e do grupo IBM em Portugal no curto e no médio prazo?

O investimento é muito significativo e traduz-se na criação de mais de mil postos de trabalho nos últimos anos, sendo o Grupo IBM, no qual a Softinsa se insere, um dos maiores investidores em Portugal na área TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação. Esta aposta da IBM/Softinsa em Portugal irá certamente continuar nos próximos anos.

O Grupo IBM tem como objetivo fundamental em Portugal o de ser o parceiro tecnológico de referência que auxilia as empresas nacionais a tornarem-se mais competitivas local e globalmente, por via da adoção de soluções tecnológicas inovadoras, usando a experiência única dos mais de 2.000 consultores que tem no país, mas também a tecnologia e serviços que são gerados pela IBM a nível mundial (mais de 5 biliões de dólares investidos anualmente em inovação em áreas como a Cloud, Computação Quântica ou Inteligência Artificial).

Quem são os vossos principais clientes em Portugal e no mundo e os principais países de exportação?

Temos mais de 400 clientes e estamos a trabalhar nos mais diversos setores com empresas de todas as dimensões. Alguns clientes de referência para os quais temos vindo a prestar serviços são a Galp, Prio Energy, Vodafone, Lisnave, Fidelidade, Generali, Novo Banco, Santander, Bankinter, Mitsubishi Fuso, Heineken / Central de Cervejas e Bebidas, Jerónimo Martins, Efacec, BPI, Mota Engil, entre muitos outros clientes nacionais e internacionais. Os principais países de exportação são a Espanha, França, Suécia, Holanda, Bélgica, África do Sul e Moçambique.

Que conselhos dariam a uma empresa estrangeira interessada em investir em Portugal?

A importância crescente do nearshoring é já uma tendência em Portugal motivada pela nossa posição geoestratégica e das vantagens competitivas que oferecemos ao nível de recursos humanos qualificados. O facto de o nosso país já estar a atrair centros de investigação e de competências de multinacionais comprova que reunimos as condições necessárias para a expansão da sua operação, nomeadamente a nível da qualidade das infraestruturas e comunicações, custo de vida, em comparação com outros países europeus, e o clima de segurança e estabilidade social.

Como evoluiu o vosso negócio em 2020, tendo em conta a atual conjuntura de pandemia?

Temos tido, felizmente, uma evolução muito positiva, resultante de dois fatores fundamentais: por um lado, o enorme talento e dedicação dos nossos consultores e, por outro, e resultante fundamentalmente disso, a reiterada e crescente confiança dos nossos clientes nos nossos serviços e soluções tecnológicas. Isto tem-nos permitido continuar a crescer o negócio de forma acelerada mesmo em contexto de pandemia, e, com isso, temos conseguido criar muitos postos de trabalho, pagar mais impostos e ajudar assim o país, o Estado e a economia nacional.

Como é que as vossas operações e equipas, presentes em mais de 100 países, têm respondido aos desafios colocados pela pandemia?

Tem sido desafiante, mas acredito que temos conseguido responder a todas as necessidades tanto das nossas equipas como dos nossos clientes. Há já muitos anos que a IBM acredita e promove o teletrabalho junto dos seus colaboradores, sendo inclusivamente uma das empresas pioneiras nesta área. Na Softinsa, temos algumas pessoas neste regime e mesmo as que habitualmente não estão, já estiveram pontualmente a trabalhar a partir de casa, não sendo uma prática desconhecida.

Em Portugal, foi uma questão de horas até termos todos em casa, em segurança. De um momento para o outro fomos todos para casa e muitas empresas não estavam preparadas para tal. No entanto, com o nosso apoio, em pouco tempo todos os nossos clientes também estavam a trabalhar a partir de casa sem quaisquer problemas. Além desta necessidade mais imediata e prática, notamos agora uma mudança que se prende com o facto de muitos dos nossos clientes estarem a apostar na transformação digital das suas empresas. Portanto, os grandes desafios, que passam pela segurança dos nossos colaboradores e o apoio aos nossos clientes, foram sem dúvida, superados.

Dentro da vossa atividade core, como pode a Softinsa e o grupo IBM Portugal e os vossos serviços, ajudar outras empresas nesta conjuntura tão instável e incerta?

Ajudar outras empresas nesta altura passa muito por estar presente. Tanto a IBM como a Softinsa estão junto dos seus clientes e atentos a todas as necessidades. Foi com isto em mente, e reconhecendo todos os desafios e dificuldades que as empresas estavam a passar, que a IBM acompanhou a transição das estruturas para teletrabalho e disponibilizou de forma gratuita diversas soluções de software, além de reunir comunidades e especialistas – entre clientes, governos, cientistas, programadores, parceiros, instituições de saúde e académicas e IBMers – para juntos trabalharmos e gerirmos o surto de COVID-19 com o que fazemos melhor: aplicação de dados, conhecimento, poder de computação e insights para resolver problemas difíceis.

A verdade é que acreditamos que a nossa atividade core, com o nosso conhecimento e recursos, pode ser utilizada não só para apoiar as empresas e negócios, mas também a comunidade em geral. Iria contra os nossos valores não o fazermos. Queremos ajudar no processo de descoberta de possíveis tratamentos, melhorar a disponibilidade e análise de dados e garantir a resiliência das infraestruturas críticas que apoiamos.

Como encaram as oportunidades, desafios e todas as mudanças que esta pandemia da COVID-19 vai trazer para as empresas?

Ninguém estava à espera de uma pandemia e é indiscutível que a mesma tem e terá efeitos muito significativos na forma como vivemos. Estamos nós próprios a responder aos diversos desafios que ela trouxe e a ajudar os nossos clientes a fazê-lo.

No entanto, é igualmente indiscutível que esses desafios e dificuldades trouxeram mudanças e oportunidades positivas no meio tecnológico. Isto porque todos os esforços que estavam a ser feitos nesta área, todas as inovações, tiveram impreterivelmente de avançar e dar resposta às necessidades. Para ter uma noção, a IBM fez um estudo recente que dá conta que quase seis em cada dez organizações participantes aceleraram as suas transformações digitais devido à pandemia da COVID-19. As barreiras tradicionais, como a imaturidade da tecnologia e o bloqueio dos colaboradores à mudança deixaram de ter lugar, sendo que 66% dos executivos entrevistados indicaram que conseguiram finalizar iniciativas para as quais anteriormente encontravam resistência.

E nós sentimos esta tendência na vida real, com muitos dos nossos clientes a querer acelerar a transformação digital das suas empresas. Isto é, sem dúvida, algo muito positivo, uma vez que aproxima as empresas das mais recentes inovações tecnológicas, potenciando, desta forma, a inovação e a melhoria da experiência do cliente.

Pertencendo ao grupo IBM, quais as soluções inovadoras desenvolvidas dentro do grupo e que mais acredita poderem criar disrupção e serem positivamente transformadoras?

Diria que nesta altura o foco vai para duas grandes áreas: a “Hybrid Cloud” e a IA-Inteligência Artificial. A IBM tem defendido a urgência da aplicação destas duas tecnologias e são exatamente essas as áreas que mais se têm desenvolvido em tempos de pandemia, por todas as vantagens de agilidade, de competitividade e de diferenciação que proporcionam. Acreditamos que no futuro a maior parte das empresas irá trabalhar em ambiente “multi-cloud” (vários fornecedores de Cloud) e temos a tecnologia (Red Hat) que melhor permite gerir esse ecossistema. Por outro lado, quase tudo no futuro (em praticamente todas as áreas de atividade económica) terá o auxílio de IA, onde a IBM é pioneira e líder mundial, nomeadamente com recurso às soluções Watson.

 

Entrevista realizada por PortugalGlobal

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